Quis a verdade se impor como aquilo que é fato e pode ser verificável. Verificável, porém, é tudo o que pode ser conferido, checado. Mas se a verdade é apenas o que se pode provar, todo o resto seria mentira?
Se é mentira tudo aquilo que exclui a verdade, não há espaço na vida para as meias-verdades, escorregadias construções que fazem do “preto no branco” uma extensa paleta de cinza, tão difícil de se entender…
E quem diz que só fala a verdade, mentiroso é.
Ou engana a si mesmo. E quem engana a si mesmo deve ser considerado honesto visto que o autoengano não prejudica ninguém além de si mesmo?
Sem dano, sem crime.
A menos que se entenda que a verdade consiste em valor tão elevado que mais vale causar o mal em seu nome do que o bem pela mentira.
E assim voltamos a discutir o que, afinal, é a verdade…
Verdade talvez seja tudo aquilo que se crê.
Sob essa ótica talvez seja necessário ver para crer. Até porque “crer sem ver” se trata de profissão de fé e a fé não se preocupa com a verdade, não aquela universal, mas aquela que fala apenas para si, dentro de cada um de nós. Ou não.
Há também aqueles que vivem sem fé e, para esses, a verdade é que tudo acaba quando acaba. E tudo bem. Viver sem fé não é o mesmo que viver sem verdade. Embora, para muitas pessoas, a vida só é verdadeira se for carregada de fé.
Paradoxal, não?
Não seria, portanto, a verdade uma mera construção de consensos sobre aquilo que se acredita? Se fosse assim, então, classificamos como mentiras as verdades alheias, tão diferentes das nossas.
Já fazemos isso, não fazemos?
Não quero dizer que a verdade seja relativa, por mais que seja. Mas a verdade é que existem “os fatos”, ou seja, tudo o que é verificável. E quem são “os fatos” senão uma forma de descrever a verdade a partir de um ponto de vista?
A verdade é que não há verdade sobre a verdade. Cada um tem a sua. E com sorte, talvez tenhamos, “a nossa verdade”.
Excelente texto!
É verdade... ou não!